24/11/2024
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Zema diz que acordo de Mariana será assinado na sexta e critica Vale: ‘pagar multa não é justiça’

Zema diz que acordo de Mariana será assinado na sexta e critica Vale: ‘pagar multa não é justiça’

Durante inauguração de um monumento em homenagem às 272 vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão em Brumadinho, o governador Romeu Zema (Novo) fez críticas à mineradora Vale, e disse que espera que Justiça prenda responsáveis pela tragédia. O governador confirmou, ainda, que vai a Brasília na sexta-feira (25 de outubro) para assinar acordo de Mariana, após quase nove anos do rompimento da barragem do Fundão, na região Central de Minas.

De frente ao palácio Tiradentes, na Cidade Administrativa, sede do executivo mineiro, Zema participou na inauguração da obra de arte “Brumas Leves”, que possui 272 peças do perfil de rostos em homenagem aos atingidos pelo rompimento da barragem de Brumadinho em 2019. Durante discurso, o governador disse que fez “tudo o que pode” pelos atingidos, mas criticou a Justiça brasileira, afirmando que apenas pagamento de multas não é o suficiente e cobrando a prisão de responsáveis.

“O poder executivo, eu quero salientar aqui, ele pode aplicar multas, mas ele não tem o poder de deter, de encarcerar alguém, isso cabe ao sistema judicial e, infelizmente, no Brasil, nós temos assistido continuamente tragédias, e os responsáveis muitas vezes continuando soltos. Infelizmente, nós ainda temos um país em que a justiça falha, e é algo que precisa ser mudado. Porque me parece que pagar multa está longe de ser o suficiente para que a justiça seja feita. Me parece que ainda somos um país em que alguns, infelizmente, estão acima da lei, principalmente aqueles que têm muitos recursos financeiros”, declarou o governador sob aplausos de amigos e familiares de vítimas presentes no evento.

Em conversa com a imprensa, o governador salientou, ainda, que o estado tem aplicado medidas mais rigorosas para evitar novas tragédias com barragens de mineradora. Zema citou a lei “mar de lama nunca mais”, aprovada em fevereiro de 2019, que endurece regras para a mineração e acumulo de rejeitos.

Acordo de Mariana selado

Questionado sobre o acordo de Mariana, que trata sobre a repactuação aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo devido ao derramamento de rejeitos minerais na bacia do Rio Doce, Zema confirmou que o documento será assinado na sexta-feira (23 de outubro). O governador, entretanto, não confirmou qual será o valor de ressarcimento estabelecido.

“A informação que eu tenho é que ele está selado e eu estarei em Brasília, sexta-feira juntamente com o governador do Espírito Santo e representantes do Governo Federal para podermos assinar finalmente. Essa tragédia vai completar a mês que vem nove anos e até hoje nós não vimos para onde foi a aplicação desses recursos. Me consta que já foram consumidos mais de R$ 30 bilhões de reais pela Fundação Renova e até hoje eu não vi um hospital ou um leito, não vi um metro de estrada, não vi uma praça sendo feita, não vi um posto de saúde. A única coisa que fizeram foram as casas, que eu acho que são as mais caras do mundo, feitas lá em Bento Rodrigues para aqueles atingidos, e com um atraso de muitos anos”.

Na última sexta-feira (18 de outubro), as mineradoras Vale e BHP Billiton, acionistas da Samarco, soltaram um comunicado afirmando que a repactuação alcançará o valor de R$ 170 bilhões, o mais da história. De acordo com o comunicado da Vale, da BHP e da Samarco, R$ 132 bilhões, ou seja, 77% do total, serão de novos recursos. A maior parte, R$ 100 bilhões, será paga, em 20 anos, à União, aos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo e aos 49 municípios da Bacia do Rio Doce.

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