24/11/2024
11:56

Ao comentar caso de Novo Hamburgo, Lewandowski diz que PF fará triagem rigorosa em registro de armas

Ao comentar caso de Novo Hamburgo, Lewandowski diz que PF fará triagem rigorosa em registro de armas

BRASÍLIA – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quarta-feira (23) que a Polícia Federal fará uma triagem severa, a partir de janeiro de 2025, para saber se a pessoa que se diz registrada como CAC (Colecionadores de armas de fogo, Tiro Desportivo e Caça) realmente tem condições técnicas para portar uma arma.

A partir dessa data, a PF passa a ser responsável por conceder, controlar e fiscalizar os CACs. Atualmente, a competência é do Exército Brasileiro. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto em julho de 2023 com a mudança.

“Não que o Exército Brasileiro não tenha tomado seus cuidados. Certamente toma, mas é que o número de CACs é tão grande aqui no Brasil, que talvez tenha alguma dificuldade técnica para fazer um controle mais rigoroso”, afirmou.

O ministro da Justiça criticou a proliferação de armas no país, ao comentar sobre o caso de Novo Hamburgo (RS), onde um atirador matou três pessoas e feriu outras nove na noite de terça-feira (22). Segundo informações da Polícia, homem era CAC e tinha quatro armas em casa, além de “farta munição”.

“Evidentemente, todos nós achamos lamentável o que aconteceu em Novo Hamburgo. A nosso ver, isso é proliferação indiscriminada de armas de fogo que existe na sociedade brasileira. Nós somos contra essa proliferação de armas, e entendemos que essas armas têm que ser reduzidas, controladas, muito bem fiscalizadas”, disse o ministro, durante evento na sede da pasta, em Brasília.

De acordo com Lewandowski, esta é uma área sobre a qual o “ministério está se debruçando”, porque o governo entende que o acesso a armas no país precisa ser reduzido. Mas ele assegurou que o ministério será “extremamente rigoroso na concessão de licenças de novos ou de membros dos cargos já existentes”.

O secretário da Segurança Pública do estado do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, afirmou que o assassino tinha histórico de esquizofrenia. “Ele tinha um histórico de pelo menos quatro internações por esquizofrenia, então é óbvio que qualquer um de nós sabe que no momento em que se der acesso a arma de fogo e farta munição a uma pessoa com esquizofrenia, uma tragédia vai ocorrer”, afirma Caron.

Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também criticou a “distribuição indiscriminada de armamentos na sociedade”, ao comentar a chacina ocorrida em Novo Hamburgo (RS).

“O trágico episódio ocorreu após denúncias de maus-tratos contra um casal de idosos na casa do atirador, que possuía quatro armas registradas em seu nome. Isso não pode ser normalizado: a distribuição indiscriminada de armamentos na sociedade, com grande parte deles caindo nas mãos do crime, é inaceitável”, escreveu Lula no X (antigo Twitter).

Ex-presidente Bolsonaro facilitou acesso a armas

Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), houve um afrouxamento das regras para concessão dos registros. Ele editou decretos para facilitar o acesso às armas, inclusive as de grosso calibre e as de uso restrito, como fuzis. Outra medida foi aumentar o limite de munições disponíveis para CACs.

Assim que assumiu a Presidência da República, Lula revogou as normas da gestão Bolsonaro sobre armas e editou novas regras, como a suspensão de novas concessões para CACs registrarem novas armas.

O decreto previa também redução dos limites para compra de armas e munição de uso permitido; suspensão de novos registros de clubes e escolas de tiro; suspensão da concessão de novos registros para CACs; e criação de grupo de trabalho para propor nova regulamentação para o Estatuto do Desarmamento, de 2003.

 

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