22/11/2024
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Romero revela maior motivação do Cruzeiro para vencer a Sul-Americana < No Ataque

Lucas Romero, volante do Cruzeiro (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)

Gerações inteiras de torcedores ainda não viram o Cruzeiro ser campeão continental. A espera por um novo título internacional já dura 25 anos. Desde a conquista da Recopa Sul-Americana, em 1999, a Raposa ganhou quatro Copas do Brasil e três Campeonatos Brasileiros, mas sofreu com quedas precoces nos torneios da Conmebol. Essa seca, porém, pode acabar daqui um mês.

Lucas Romero não garante que o Cruzeiro vencerá a Copa Sul-Americana, mas promete muita luta da equipe na reta final. Capitão celeste, o volante é um dos desfalques para o duelo de ida da semifinal contra o Lanús, nesta quarta-feira (23/10), a partir das 19h, no Mineirão, em Belo Horizonte. A volta será uma semana depois, no mesmo horário, no Ciudad de Lanús, em Buenos Aires, na Argentina.

Em entrevista ao No Ataque, Romero falou o que espera do confronto decisivo. O meio-campista ressaltou que será difícil assistir ao primeiro jogo como torcedor e detalhou como tem sido as semanas iniciais de trabalho do técnico Fernando Diniz.

“Acho que a gente não sente pressão, sente é uma vontade de conseguir esse título e fazer o Cruzeiro voltar a ser vencedor. Mesmo no começo do ano, quando as expectativas talvez não eram de título, eu pus a camisa e vi a entrega dos meus companheiros. Eu entendi que eles sabiam qual camisa estão representando. Todo mundo que trabalha no clube entende a grandeza do Cruzeiro, mesmo a instituição tendo passado por alguns anos difíceis. Sabem que vamos sair na rua e ser cobrados por títulos. Sabem que vamos encontrar o Mineirão lotado. Todos que estão aqui sonham em ser campeões pelo Cruzeiro.”

Lucas Romero, capitão do Cruzeiro

Se passar do Lanús, o Cruzeiro enfrentará Corinthians ou Racing, da Argentina, na decisão da Sul-Americana. A final será disputada em 23 de novembro (sábado), na Nueva Olla, em Assunção, no Paraguai.

Romero está suspenso para a semifinal

Romero recebeu um cartão vermelho no empate por 1 a 1 com o Libertad, em outubro, no Mineirão, na volta das quartas de final do torneio continental. Por isso, o camisa 29 terá que cumprir suspensão no jogo de ida contra o Lanús.

“Eu confio nos meus companheiros, temos um grande elenco, com muita concorrência. Infelizmente vou perder um jogo importante, mas com certeza estarei apoiando. Ficar na torcida é difícil. Ficamos mais ansiosos fora do que dentro do jogo”, disse o jogador.

Volante define perfil do técnico Fernando Diniz

Diniz assumiu o comando do Cruzeiro no fim de setembro. O técnico substituiu o xará Fernando Seabra, demitido por causa de uma série de resultados negativos no Brasileirão. Ele chegou ao clube quatro meses após ser desligado do Fluminense.

Na avaliação de Romero, Diniz trabalha como se ‘cada dia fosse o último’ e dá o melhor de si para extrair o máximo possível de todos os jogadores.

“Ele eleva o nosso nível de eficiência ao máximo, tentando tirar o melhor de nós a cada dia. Acho que todo mundo aqui não é consciente do máximo potencial. E aí é necessário sempre ter uma pessoa que seja do jeito do Fernando para conseguir tirar (o nosso máximo) e fazer o Cruzeiro melhor.”

“Deu para ver em pouco tempo que o Diniz dá o seu melhor para tentar tirar o nosso melhor, ele é o que pede. A gente pode errar, pode se equivocar, mas o que não pode faltar com a atitude. E é isso que a gente quer hoje. Nossa melhor atitude, nosso melhor desempenho e nosso melhor esforço. E Fernando é um cara que se entrega todo dia ao máximo, por isso acontece de ele ficar sem voz após alguns jogos (risos)”, complementou.

O Cruzeiro ainda busca a primeira vitória sob o comando de Diniz. Desde a contratação do técnico, a Raposa empatou três jogos e perdeu um.

Sua estreia foi contra o Libertad, do Paraguai (1 a 1, casa), na volta das quartas de final da Sul-Americana. Depois, o time enfrentou Vasco (1 a 1, casa), Fluminense (0 a 1, fora) e Bahia (1 a 1, casa) pelas rodadas 28, 29 e 30 da Série A.

Como o Cruzeiro reagiu a provocação do goleiro do Lanús

Nahuel Losada declarou na semana passada que a Sul-Americana está destinada ao Lanús. O goleiro afirmou que a equipe eliminará o Cruzeiro porque os argentinos são mais complicados que os brasileiros. Romero disse que essa provocação chegou até o elenco celeste, mas não incomodou.

“O vídeo chegou para nós, todo mundo foi marcado nas redes sociais. Mas a nossa motivação é todo é colocar a camisa do Cruzeiro todos os dias. O nosso foco é no jogo, chegar lá e dar o nosso melhor. Não tem nada externo que possa nos motivar mais que colocar essa camisa e dar o melhor pela classificação.”

Falta pouco para Romero se tornar o estrangeiro com mais jogos pelo Cruzeiro. O argentino já entrou em campo em 198 jogos – dois a menos que Ariel Cabral, seu compatriota e ex-companheiro de posição. 

Na primeira passagem pela Toca da Raposa, entre 2016 e 2019, Lucas venceu quatro títulos: Copas do Brasil de 2017 e 2018 e Campeonatos Mineiros de 2018 e 2019. Ele voltou ao Cruzeiro no início de 2024, após passagens por Independiente, da Argentina, e León, do México.

“É uma marca individual importante que está perto de ser alcançada, mas nunca foi o meu foco. Quando cheguei aqui, (em 2016), era a minha primeira vez saindo da Argentina, de um clube como o Vélez (Sarsfield), em que passei 14 anos de minha vida. Era tudo novo para mim, mas eu enfrentei o desafio com muita expectativa e muita vontade, e acho que deu certo. Isso foi o que me fez ganhar o carinho do torcedor e o reconhecimento dentro e fora do campo, com títulos e amizades”, avaliou o atleta.

“Para mim é mais importante deixar uma marca como pessoa do que como jogador. Falei que um dia ia voltar ao Cruzeiro e cumpri com a minha palavra. Hoje sou um jogador mais experiente, com 30 anos e um caminho traçado. Fico feliz porque a cada dia dou o melhor de mim para o clube. Talvez pode dar certo, mas eu estou tranquilo porque estou me entregando ao máximo para que o Cruzeiro volte a estar, brigando por títulos.”

O que mudou no Cruzeiro de 2019 para 2024?

“O que está igual é a nossa torcida maravilhosa, que sempre acompanha o Cruzeiro e exige um pouco mais. Essa exigência por vitórias é o que faz desse time grande. Mudou pouca coisa, mas o que mudou foi muito bom, que é manter uma estrutura e ser um clube mais organizado e que passa muita credibilidade. Isso fez o Cruzeiro crescer mais”, disse Romero.

Para o meio-campista, a junção da torcida com os jogadores e o dono Pedro Lourenço irá elevar o patamar do Cruzeiro: “O Pedrinho é um grande torcedor do Cruzeiro e uma pessoa maravilhosa, que se entrega ao máximo para o clube. Em conjunto com a torcida e os jogadores, vamos fazer um Cruzeiro melhor ainda.”

No Ataque: Jogo mais marcante com a camisa do Cruzeiro?

Romero: “Talvez não sejam os melhores, porque a gente acabou eliminado, mas os jogos contra o River (Plate) na Libertadores (de 2019) foram muito marcantes. Tanto a de ida quanto a volta, porque eu estava de saída, com a decisão tomada de voltar para a Argentina. Era uma negociação boa não só para mim, como para o Cruzeiro. E foi marcante porque eu recebi muito carinho no último jogo. Senti muito o apoio da torcida pedindo para eu ficar aqui. Eu arrepio cada vez que falo disso, porque eu recebi muito carinho, foi isso que me fez voltar. Foi o dia em que senti verdadeiramente o quanto os torcedores gostavam de mim.”

NA: Qual o título mais marcante: Copa do Brasil de 2017 ou de 2018?

R: “Os dois foram muito importantes, mas a de 2018 foi mais porque eu joguei improvisado de lateral-esquerdo no último jogo. E pelo fato de o jogo ter sido fora de casa, quando a gente voltou (para Belo Horizonte) vimos a cidade parada. A cidade parou para nos receber. A torcida fez uma festa maravilhosa, isso foi muito marcante.”

NA: Jogador mais engraçado do elenco do Cruzeiro?

R: “O cara mais engraçado do elenco hoje é o Marlon.”

NA: Maior sonho na carreira?

R: “Hoje, o maior sonho da minha carreira é vencer essa Copa Sul-Americana. Depois que a gente vencer, aí vai ter mais um sonho (risos).”

NA: Maior ídolo no futebol?

R: ‘Tem vários, tenho muitas referências. Mas, para mim, na minha época, Carlitos Tévez. Ele marcou uma época importante na Argentina, porque era um menino que saiu de um bairro humilde e conseguiu vencer. Para nós, ele era uma referência.”

NA: Quem deve ganhar a Bola de Ouro?

R: “Bem… Eu acho que Messi merece. Sou muito ‘messista’ (risos). O Lautaro Martínez também fez um grande trabalho, acho que ele é um dos merecedores. O Vinicius Junior também é um grande concorrente, que tem grandes possibilidades de ganhar a Bola de Ouro. Mas eu sou argentino, sempre vou tirar um pouco mais para lá. Acho que o Lautaro Martínez merece muito.”

NA: Buenos Aires, Belo Horizonte ou León?

R: “Buenos Aires! É a minha casa, minha terra, é onde minha família está. Mas Belo Horizonte tem um lugar muito especial no meu coração.”

NA: Alfajor ou brigadeiro?

R: “Alfajor, todo dia (risos). Não posso (comer) porque a nutricionista vai cobrar, mas, se é por mim, é sempre alfajor. Voltar da Argentina com uma caixa de alfajores.”

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