BRASÍLIA – Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino e Alexandre de Moraes fizeram piada nesta quarta-feira (16) em referência à cor vermelha e ao comunismo, ideologia política à qual são comumente associados por críticos e políticos da direita.
A brincadeira ocorreu em plenário durante o julgamento de um recurso do Google contrário à quebra de sigilo de pessoas que teriam buscado informações sobre a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.
O julgamento discute a legalidade da quebra de sigilo de históricos de busca na internet. O resultado vai definir os critérios para a quebra do sigilo dessas procuras dos usuários em plataformas de pesquisa.
Antes de declarar o seu voto, Alexandre de Moraes ironizou o fato de o Google entrar com um mandado de segurança para impedir uma investigação importante quando o próprio site reproduz dados de busca do usuário que alimentam a geração de publicidade digital, por meio de inteligência artificial.
“Todos aqui já vivenciaram e todos conhecem pessoas que dizem: ‘acho que eu estou sendo grampeado’ Eu com certeza estou. Porque eu falei que queria comprar um carro vermelho, nunca mais parei de receber propaganda desse tipo de carro e da cor vermelha”, exemplificou.
Foi quando Flávio Dino interveio. “Ministro Alexandre, é porque carro vermelho já é suspeito mesmo”, disse, em tom de ironia. O vermelho é a cor da bandeira do Partido dos Trabalhadores e do comunismo.
Alexandre de Moraes, então, deu continuidade à provocação. “Então, eu obviamente, em virtude do meu comunismo, só consulto o carro vermelho, gravata vermelha… Terno vermelho é meio cafona, então esse não”, declarou, provocando risadas no plenário.
“Mas é isso que ocorre. Todos os nossos dados estão planilhados por inteligência artificial e direcionados a partir de interesses econômicos e depois, mais recentemente, interesses políticos. É o que fez com que as redes sociais, o Google também, fossem instrumentalizados pelo novo populismo digital extremista no mundo todo”, disse Moraes, retomando o debate.