Para o Remo, o começo da Série C do Campeonato Brasileiro foi de dificuldade, com resultados ruins e ameaça de rebaixamento. O cenário mudou a partir da chegada de Rodrigo Santana, que conduziu o time ao acesso à Segunda Divisão da próxima temporada. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, o ex-treinador do Atlético falou sobre a retomada da carreira no clube paraense.
Após passagens por clubes de menor expressão, Rodrigo Santana teve a maior chance da carreira em 2019, quando assumiu interinamente o comando do time profissional do Atlético no lugar do demitido Levir Culpi. O início foi animador, e a diretoria do Galo o efetivou.
Mas a experiência como técnico do time alvinegro durou pouco. Pesaram contra Rodrigo Santana a eliminação para o Colón nas semifinais da Copa Sul-Americana, diante de um Mineirão lotado, e a sequência de maus resultados no Campeonato Brasileiro.
Após a saída do Galo, o treinador rodou por Avaí, Coritiba, Confiança, RANS Nusantara (Indonésia), Vaca Díez (Bolívia) e Athletic antes de chegar ao Remo. Todos os trabalhos anteriores foram curtíssimos, com no máximo 14 jogos.
Entre uma experiência e outra, Rodrigo Santana foi contratado para ser auxiliar de Fernando Lázaro no Corinthians, mas nunca assumiu o cargo. Tudo porque havia participado de um ato antidemocrático tempos antes, o que motivou protestos da torcida alvinegra.
Em meio às turbulências, Rodrigo Santana foi anunciado pelo Remo em 23 de maio. Àquela altura, o Leão somava quatro derrotas, um empate e uma vitória em seis jogos na Série C. O desempenho colocava o time na 17ª posição.
“Cheguei aqui no momento em que a pressão estava muito grande. O Remo é um time grande que não comportava mais permanecer na Série C. A diretoria viu a equipe iniciar o campeonato com três derrotas. Já não vinha de um bom início de ano, sendo até ameaçado pelo próprio rebaixamento, e aí foi quando me fizeram o convite”, iniciou, ao No Ataque.
“Eu aceitei de pronto, confesso que eu não tinha muitas ambições de disputar a Série C, mas quando foi o Remo, um time de muita tradição, camisa pesada, eu pensei: ‘Poxa, acho que é importante eu ter mais um clube desse tamanho mais no meu currículo’. É evidente que quando a gente chega, a gente chega para livrar do rebaixamento, mas a gente conseguiu uma recuperação muito rápida”, continuou Rodrigo.
A estreia foi contra o Sampaio Correia, em 1º de junho, pela sétima rodada. Na ocasião, os comandados de Rodrigo Santana venceram o duelo por 2 a 1.
“(Recuperação) rápida no sentido de identificar os problemas, dar uma cara para a equipe, encontrar um sistema de jogo que trouxesse a autoestima e a confiança deles (jogadores) novamente. O vestiário estava bastante arrasado, os atletas sem confiança, uma pressão, uma cobrança enorme da torcida e imprensa. Fui resgatando aos poucos a confiança dos atletas, de poder jogar, de poder produzir, de arriscar um pouco demais. Foi onde conseguiram produzir mais. E os resultados foram vindo”, prosseguiu.
Sob o comando do técnico, o Remo somou nove vitórias, quatro empates e cinco derrotas. O desempenho, para além de livrar do rebaixamento, serviu para colocar o time no grupo dos oitos classificados à segunda fase da Série C. O oitavo lugar foi assumido na penúltima rodada, com vitória por 3 a 0 sobre o Londrina.
A vaga na segunda fase foi garantida no último jogo, quando o Remo empatou por 0 a 0 com o rebaixado São José, no Passo d’Areia, em Porto Alegre.
“O resultado foi vindo, eles foram ganhando confiança, confiando mais no nosso trabalho. E acabou que na última volta a gente conseguiu classificar. Viemos naquela situação de se livrar do rebaixamento, quando a gente percebeu que dava para livrar do rebaixamento, a gente (pensou): ‘Pô, acho que dá pra classificar.’ E fomos acreditando. E na última rodada a gente conseguiu coroar. Essa classificação na última rodada, em um jogo dificílimo, no Sul. E entramos no quadrangular, e graças a Deus as coisas foram muito boas.
Rodrigo Santana, técnico do Remo
Na segunda fase, o Remo caiu no Grupo A, juntamente com Volta Redonda, Botafogo-PB e São Bernardo. Foram duas vitórias, três empates e somente uma derrota. Os nove pontos garantiram o segundo lugar aos paraenses e, consequentemente, a vaga na Série B da próxima temporada. Era a redenção, em campo, do time e do comandante.
Renovação encaminhada e sonho alto
Rodrigo Santana revelou que já tem renovação encaminhada com o Remo para a próxima temporada. Contratado para livrar o clube do rebaixamento na Terceira Divisão, o técnico agora mira o acesso à Série A de 2026.
“Estamos em um processo de renovação, está muito próximo de ser finalizado. Ao mesmo tempo, vamos conversando com o nosso executivo, que é o (Sérgio) Papelin, muito experiente também, e queremos montar um time competitivo para subir. A Série B hoje vem com muitos clubes tradicionais, né? A Série B está bem pesada, estamos vendo essa movimentação da Série A, possivelmente possa também descer um clube grande. Então o Remo precisa se fortalecer, precisa investir para montar um elenco bastante competitivo”, comentou o técnico.
“A nossa logística aqui de viagem, nossa malha aérea não é tão simples, então a gente precisa de um elenco, a gente não pode ter apenas um time, 15 jogadores, precisamos de um elenco, precisamos de peça de reposição à altura. Porque é evidente que todo mundo busca os primeiros 45 pontos para manter a equipe, né? Mas o meu objetivo sempre é buscar títulos, buscar acesso, o que eu puder disputar de melhor eu vou estar lutando”, finalizou.
A notícia Ex-Atlético, Rodrigo Santana consegue retomada e sonha grande no Remo em 2025 foi publicada primeiro no No Ataque por Adriano Oliveira.
