21/11/2024
21:43

Quatro grupos disputarão o poder na Câmara de Belo Horizonte

Quatro grupos disputarão o poder na Câmara de Belo Horizonte

À espera da disputa de 2º turno entre o deputado estadual Bruno Engler (PL) e o prefeito e candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD), a correlação de forças da próxima legislatura da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) ganha forma em quatro grupos até o momento. Além da manutenção dos clãs do secretário chefe da Casa Civil do governo Romeu Zema (Novo), Marcelo Aro, e do presidente da Casa, Gabriel Azevedo (MDB), as bancadas de esquerda e de direita cresceram e terão maior peso a partir de 2025.

Assim como a atual legislatura, a próxima deve ser marcada pela disputa entre os grupos ligados a Aro e Gabriel, que já provocou a abertura de dois pedidos de cassação contra o presidente da CMBH e troca de acusações. Após a aliança para a eleição que alçou o ex-candidato à prefeitura à presidência da Casa, o secretário chefe da Casa Civil e o vereador romperam em meio à disputa pela influência sobre a Mesa Diretora.

Apesar de ter perdido um vereador, a Família Aro segue como o maior grupo da CMBH, com oito cadeiras. A ala seria formada pelos vereadores reeleitos Juliano Lopes (Podemos), José Ferreira (Podemos), Professora Marli (PP), Flávia Borja (DC) e Cláudio do Mundo Novo (PL), mais os recém-chegados Lucas Ganem (Podemos), Tileléo (PP) e Neném da Farmácia (Mobiliza). O grupo ainda poderia agregar Juninho Los Hermanos (Avante), remanescente do círculo do deputado federal Luis Tibé (Avante), que tem se aproximado do secretário de Estado.

Já o número de cadeiras do grupo de Gabriel varia de quatro a oito a depender dos interlocutores. O clã seria formado pelos vereadores reeleitos Cleiton Xavier (MDB), Loíde Gonçalves (MDB) e Irlan Melo (Republicanos), assim como pelo ex-vereador e ex-deputado estadual Osvaldo Lopes (Republicanos). Apesar da proximidade entre Gabriel e o Republicanos, onde o presidente da CMBH emplacou candidatos a vereador, o bispo Arruda, terceiro eleito pelo partido, teria uma postura mais independente, alinhado à Igreja Universal.

Com pelo menos quatro aliados eleitos por MDB e Republicanos, Gabriel, que deixará a CMBH no fim deste ano, Gabriel tenta ampliar o seu grupo com articulações que começaram após as eleições. Gabriel ainda quer aglutinar os três vereadores da bancada do Novo, que reelegeu Braulio Lara, Marcela Trópia e Fernanda Pereira Altoé no último domingo (6 de outubro). Braulio e Marcela, que é secretária geral da Mesa Diretora, são próximos ao presidente da CMBH. Já Fernanda, apesar de ter uma boa relação com o vereador, é considerada a mais distante entre os três do ex-candidato à prefeitura.

Os grupos de Aro e Gabriel irão disputar espaço com novas forças. Entre esta e a próxima legislatura, o número de vereadores considerados da ala da esquerda saltará de cinco para oito. Além de ter reeleito Bruno Pedralva (PT), Pedro Patrus (PT), Cida Falabella (PSOL) e Iza Lourença (PSOL), o grupo terá a chegada das novatas Luiza Dulci (PT) e Juhlia Santos (PSOL) e dos novatos Pedro Rousseff (PT) e Edmar Branco (PCdoB) – Edmar, na verdade, volta após ter exercido o mandato entre 2017 e 2020.

Parte dos interlocutores da CMBH creem que o número poderia aumentar para nove, incluindo o vereador eleito Helton Júnior (PSD). Até se candidatar pelo PSD, Helton era filiado ao PDT e primeiro suplente da chapa de vereadores do partido. Inclusive, o vereador eleito chegou a ser convocado para votar na abertura de um dos processos de cassação contra Gabriel, porque o autor era o vereador Miltinho CGE (PDT), que, por força do regimento interno da Casa, não poderia votar.

Por outro lado, os vereadores reeleitos Bruno Miranda (PDT) e Wagner Ferreira (PV) são vistos como nomes mais próximos à base do prefeito Fuad Noman (PSD) na CMBH do que à ala. Bruno, por exemplo, se manteve como líder de governo mesmo com a candidatura da correligionária Duda Salabert à prefeitura. Já Wagner, cuja federação tinha o deputado federal Rogério Correia (PT) como candidato ao Executivo, seguiu como vice-líder de Fuad e apoiou publicamente a reeleição do prefeito.

Influenciada pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL), a bancada do PL foi a que mais cresceu entre uma legislatura e outra. Com seis vereadores eleitos, o partido irá triplicar a partir de 2025. Além de reeleger Cláudio do Mundo Novo e Marilda Portela, a legenda fez o ex-assessor parlamentar de Nikolas Pablo Almeida – mais votado da história de Belo Horizonte -, o ex-assessor parlamentar de Engler Vile dos Santos, o ex-vereador Uner Augusto e Sargento Jalyson.

Porém, auxiliares da CMBH ponderam que Cláudio e Marilda não fariam parte do núcleo-duro do PL, ou seja, o grupo mais ideológico do partido. O vereador reeleito, por exemplo, que é ligado ao deputado federal Eros Biondini (PL) e à deputada estadual Chiara Biondini (PP), integra a Família Aro. Em contrapartida, a vereadora reeleita, até se filiar à legenda, em que está o marido, deputado federal Lincoln Portela, estava no Cidadania e era da base de Fuad.

Articulações para a Mesa só pós-eleição

Apesar de os vereadores já terem um esboço de quais serão os grupos da legislatura 2025-2028, a potencial composição entre eles em base ou oposição deve ganhar corpo só após o resultado da disputa entre Engler e Fuad. Até lá, as articulações, como, por exemplo, para a sucessão de Gabriel na presidência da Mesa Diretora durante o biênio 2025-2026, devem ficar em banho-maria na Casa.

O PL, por exemplo, pretende lançar um candidato para a presidência da CMBH. Interlocutores do partido entendem que o controle da Mesa Diretora é fundamental para dar governabilidade a Engler caso ele seja eleito. Entretanto, ainda não se fala em um nome, já que a legenda ainda quer aglutinar outros partidos, como, por exemplo, o Novo e o Republicanos, que devem formalizar o apoio à candidatura do deputado estadual nos próximos dias.

Assim como o PL, Fuad, caso seja eleito, também deve tentar viabilizar um candidato para a Mesa Diretora para evitar que a oposição assuma a presidência e o governo fique refém de grupos políticos, como entre este ano e o ano passado. Durante o período, o prefeito cedeu quatro secretarias a Aro, além do controle da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) ao grupo do deputado federal Luis Tibé (Avante).

Os partidos que compõem a coligação de Fuad, que, além do PSD, tem PRD, Solidariedade, Avante, União Brasil, Agir e a federação PSDB-Cidadania, elegeu dez vereadores. Nenhum deles integra os grupos sob influência de Aro e Gabriel, nem da esquerda e da direita. Além disso, Bruno e Wagner, responsáveis, hoje, pela articulação da prefeitura, poderiam ser incluídos em uma eventual base do prefeito caso ele seja reeleito.

Formada por PL e PP, a chapa encabeçada por Engler, por sua vez, elegeu oito vereadores. No entanto, três deles, Cláudio do Mundo Novo, Professora Marli e Tileléo, seriam mais fiéis à Família Aro. Além disso, a posição de Marilda, é considerada uma incógnita, já que, na atual legislatura, a vereadora, que é a mãe da secretária de Desenvolvimento Social, Alê Portela (PL), compôs a base de Fuad.

 

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