BRASÍLIA – Áudio do piloto do avião oficial da Força Aérea Brasileira (FAB) que trazia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva de volta para o Brasil mostra que a situação de emergência foi declarada logo após a decolagem no Aeroporto Internacional Felipe Ángeles, perto da Cidade do México.
No diálogo com a torre de controle, ele declara “pan-pan, pan-pan, pan-pan”, um código para condições de urgência menos sérias do que o “mayday”, para perigo. O uso da expressão faz com que o avião tenha prioridade pela torre. A gravação foi revelada pelo jornal Folha de São Paulo.
Como estava com os tanques cheios, havia o risco de explosão durante o pouso. Por isso, o avião fez 50 voltas no espaço aéreo mexicano até pousar de novo, depois de cinco horas. As manobras foram necessárias para “queimar” combustível e reduzir o peso da aeronave.
Seguindo os protocolos de segurança, além de “queimar” o combustível, o piloto do VC-1 pediu à Torre de controle de voos do aeroporto mexicano para acionar equipes de bombeiros para a aterrissagem. O pedido foi atendido, mas os bombeiros não precisaram entrar em ação.
Em seguida, Lula e sua comitiva embarcaram em uma aeronave reserva, que pousou às 10h12 desta quarta-feira (2) na Base Aérea de Brasília. Até o momento, a FAB não informou qual foi o problema.
“Realizados, com sucesso, os procedimentos de segurança para solução do problema apresentado, os pilotos aguardam o consumo de combustível necessário para retornarem ao mesmo aeródromo da decolagem, com troca de aeronave e regresso a Brasília”, disse a Aeronáutica em nota.
O presidente Lula estava no México para participar da posse da nova presidente mexicana, Claudia Sheinbaum.
Lula quer comprar novo avião presidencial
Não é a primeira vez que o avião presidencial apresenta problemas. Por isso, o presidente Lula tem pressionado para que um novo modelo seja adquirido. Segundo relatos de integrantes da comitiva, o petista também se irritou durante o voo porque não conseguiu usar o telefone que fica na poltrona presidencial.
Comprado em 2005, durante o primeiro mandato do presidente Lula, o “Aerolula” custou US$ 56 milhões e teria vida útil de 30 anos. Assim, ainda poderia ser utilizado por mais 11 anos.
Mesmo assim, o presidente já chamou o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para conversar na quinta-feira (3). Múcio teve que interromper as férias e retorna dos Estados Unidos nesta quarta-feira (2). A FAB é subordinada ao Ministério da Defesa.
Em entrevista, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), afirmou nesta quarta-feira (2) que a Força Aérea Brasileira faça um diagnóstico “o mais rápido possível” sobre a pane no avião oficial da FAB que deveria trazer o presidente e a comitiva de volta ao Brasil, após viagem ao México.
“De fato, a FAB tem que fazer um diagnóstico o mais rápido possível sobre isso para tomar decisões, tem que ter condições técnicas melhores para atender o presidente da República, ministros do Supremo Tribunal e chefes do Legislativo”, disse Padilha durante entrevista à revista Fórum.
“Vamos esperar qual análise que FAB vai fazer. Mas, de fato, não pode colocar numa situação como essa o presidente”, acrescentou.