Para cativar o público e conseguir um bom número de apoiadores na final da Série D do Campeonato Brasileiro, o Retrô, clube pernambucano fundado há oito anos, traçou uma estratégia inusitada. O time de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, vai oferecer chope, samba e ingresso grátis para a decisão diante do Anápolis, neste domingo (29/9), às 17h.
A partida será disputada na Arena de Pernambuco, estádio criado para a Copa do Mundo de 2014, com capacidade para 45,5 mil torcedores. O primeiro jogo da final da Série D entre Anápolis e Retrô, disputado no último domingo, terminou com vitória do time goiano por 2 a 1. Sendo assim, a equipe pernambucana precisa de uma vitória por dois gols ou mais de diferença para ser campeão.
Um triunfo do Retrô por apenas um gol de diferença levará a decisão para os pênaltis. Curiosamente, a equipe avançou em todas as fases do mata-mata da Série D na disputa por penalidades. Primeiro, eliminou o América-RN dessa forma. Nas oitavas de final, a vítima foi o Manauara. Nas quartas, o Brasiliense – em jogo que valeu o acesso à Série C -. Na semifinal, o Itabaiana.
O goleiro do Retrô, inclusive, ganhou a alcunha de “Rei dos Pênaltis”. Darley, arqueiro revelado pelo Atlético, defendeu nada menos que oito penalidades no mata-mata.
Os ingressos para a partida entre Retrô e Anápolis podem ser adquiridos pela internet.
Clube ‘religioso’
Segundo Darley, além do trabalho árduo de jogadores, comissão técnica e dirigentes, o sucesso do Retrô na Série D do Brasileiro é fruto da religiosidade manifestada dentro do clube. De acordo com o goleiro, diferentemente de outros times no país, a equipe de Pernambuco dá liberdade aos atletas. Dessa maneira, eles podem exteriorizar a fé no dia a dia independentemente do credo.
“Já passei por vários clubes e dentro do futebol tem muita fé. Nós temos essa necessidade, não importa a religião. Mas aqui no Retrô vejo que é diferente”, constatou Darley, em entrevista ao No Ataque.
“Até o nosso treinador [Itamar Schülle] incentiva. Se tem treino pela manhã, a gente fecha a roda e faz a oração, se tem treino de novo pela tarde, a oração da manhã não serve mais, a gente fecha a roda de novo e ora. Todos os dias!”, ressaltou. “O clube nos dá essa liberdade. Tem clube que não dá. Sendo cristão ou não, aqui temos a liberdade para falar de Deus. Não tem essa obrigação. Se a pessoa quiser ela fica à vontade”, completou.
Religiosidade até na camisa
A religiosidade do Retrô foi demonstrada na partida contra o Brasiliense pelas quartas da Série D. O time não conta com patrocínio master na camisa, entretanto, naquele jogo, os jogadores vestiram o uniforme com uma mensagem estampada com um versículo bíblico: Hebreus 11:1.
“É a primeira vez que eu vejo um clube cristão, que o presidente [Laércio Guerra] incentiva isso. É um dos ‘mandamentos’ do clube, falar de Deus. Tanto é que no jogo do acesso a gente coloca, e acho que nem podia, o versículo na camisa para jogar contra o Brasiliense. Não tem nenhum patrocínio na camisa e ele falou que o primeiro patrocínio seria um versículo bíblico. Deu certo e Deus nos abençoou. Ele até falou, se tiver multa para pagar eu pago, mas vamos jogar com a mensagem de Hebreus na camisa”, destacou Darley.
Perguntado se espera por mais uma decisão nos pênaltis na final diante do Anápolis, o goleiro do Retrô foi enfático. “Que a gente venha a ser campeão sem pênalti. Não é fácil. A torcida sofre, familiar sofre. Eu prefiro sem. Mas que dê certo se precisar. Espero ser campeão com menos sofrimento”, finalizou.