As seleções da França e Irã, que se enfrentaram nesse domingo (22/9), pela última rodada da fase de grupos da Copa do Mundo de Futsal, estão sendo acusadas de tentativa de combinação de resultado. Diversas figuras do esporte se manifestaram e apontaram que nenhuma das equipes parecia particularmente interessada em vencer o duelo.
Após um primeiro tempo praticamente sem jogadas de perigo, o placar foi aberto em um lance grosseiro do francês Thibaut Garros, aos cinco minutos da etapa final. Após um chute fraco e rasteiro do iraniano Salar Aghapour, o goleiro praticamente abriu caminho para que a bola balançasse a rede.
O jogo teve sequência em ritmo morno, como um treino, com os gols celebrados timidamente. O Irã acabou vencendo por 4 a 1. A França – que só marcou no finalzinho, quando já perdia por 4 a 0, e acertou um total de três finalizações, número baixíssimo para o esporte -, ficou com a segunda colocação da chave, atrás do próprio Irã.
Apesar de não ter avançado com o primeiro lugar do Grupo F do torneio, realizado no Uzbequistão, a equipe azul agora tem um chaveamento considerado mais fácil do que o reservado aos iranianos. Os franceses enfrentarão nas oitavas de final a Tailândia, que vem de uma derrota por 9 a 1 para o Brasil. Se vencerem, terão pela frente Paraguai ou Afeganistão.
Já o Irã vai encarar Marrocos, campeão africano e sexto colocado no ranking mundial, tido como um adversário duro, que até aqui só perdeu para a forte seleção de Portugal. Caso sobreviva, enfrentará o Brasil, primeiro colocado na lista da Fifa (Federação Internacional de Futebol) e pentacampeão mundial nas quartas.
Ricardo Iñiguez, técnico da Líbia, eliminada na primeira fase, chamou o jogo de “desgraça” e informou que faria “uma reclamação formal por manipulação de resultado”. Em um comunicado, a Fifa disse estar “ciente das reclamações” em relação à partida, mas que não faria mais comentários porque “o processo [de investigação]” está em andamento.
As federações de França e Irã não se manifestaram até a publicação deste texto, mas houve múltiplas manifestações de protesto. O técnico da Tailândia, Miguel Rodrigo, que enfrentará os franceses nas oitavas de final, disse esperá-los “de braços abertos”, mas disse que os times de França e Irã são “uma desgraça mundial”: “Desonraram meu esporte”.
Ricardinho, craque histórico da seleção portuguesa, publicou um texto lamentando o ritmo da partida. Ele recordou situação que considerou semelhante na Copa de 2008, quando a favorita Itália perdeu para o Paraguai na última rodada da primeira fase. Como consequência, italianos e paraguaios avançaram, e Portugal ficou fora.
“Viu-se aos olhos de todos o que aconteceu para que ambos apurassem para a seguinte fase, e agora a França faz o mesmo para evitar rivais mais difíceis”, afirmou. “Não sei até quando os atletas vão pactuar com estas coisas e quando vamos criar um conceito para que na última jornada não haja mais coisas assim! Futsal perde, o desporto perde… Que triste!”