25/11/2024
04:11

Incêndio no Parque Nacional de Brasília entra no 3º dia, aulas são suspensas e militares convocados

Incêndio no Parque Nacional de Brasília entra no 3º dia, aulas são suspensas e militares convocados

Governo local suspende férias de bombeiros para combater fogo. DF tem concentração de partículas de poeira no ar 11 vezes maior do que o recomendado pela OMS

BRASÍLIA – O incêndio no Parque Nacional de Brasília entrou no terceiro dia nesta terça-feira (17). Ao menos 2 mil hectares de cerrado nativo haviam sido queimados até o início da manhã. As aulas foram suspensas na Universidade de Brasília (UnB) e em 27 escolas públicas do Distrito Federal por causa dos efeitos da fumaça e da fuligem.

As chamas chegaram perto do reservatório de Santa Maria, o segundo maior do Distrito Federal e que abastece o Plano Piloto, a área central de Brasília. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) diz que este já é o pior incêndio no parque em 10 anos. O pior foi registrado em 2022, quando o fogo consumiu 7,7 mil hectares.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), declarou na segunda-feira (16) que há suspeitas de que o incêndio tenha sido uma ação criminosa. “Há suspeitas de que o incêndio tenha sido criminoso e a Secretaria de Segurança Pública está apurando”, escreveu Ibaneis nas redes sociais.

A Polícia Federal também abriu um inquérito para apurar o que teria causado o incêndio no parque. Conforme o ICMBio, o fogo começou na manhã de domingo, fora do Parque Nacional. Como a capital vive uma longa seca, não houve incidência de raios. Por isso o fogo só pode ter sido provocado por ação humana.

Também conhecida como Água Mineral, por causa das duas piscinas públicas de águas correntes, a unidade de conservação tem 42 mil hectares e fica no fim da Asa Norte, a 10km da Praça dos Três Poderes. Com trilhas para pedestres e ciclistas, é um dos parques mais visitados do país.

As condições climáticas facilitam a propagação do fogo. Confira abaixo os principais dados:

Não chove na capital do país há 147 dias. Não há previsão para o fim da estiagem.
Na segunda-feira (16), o DF registrou o dia mais quente do ano: 34,7°C, na Estação Meteorológica de Águas Emendadas.
A umidade relativa do ar ficou em 14% na segunda-feira. Ela tem ficado abaixo dos 20% diariamente – chegou a 7% na semana passada.
A concentração de partículas de poeira no ar (PM 2,5) no DF está 11,1 vezes maior do que o valor anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Militares do Exército reforçam combate ao fogo
Diante desse cenário, com o fogo descontrolado no Parque Nacional, Ibaneis Rocha anunciou uma série de medidas na segunda-feira. Entre outras, mandou suspender férias de bombeiros e cancelar curso da entidade. Também ordenou que todos os que trabalham em setores administrativos sejam removidos para o combate ao fogo.

Com isso, mais 1,5 mil bombeiros serão mobilizados para auxiliar no combate de incêndios florestais na capital federal. Até a segunda-feira, 96 bombeiros militares, além de equipes do ICMBio, do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), e do próprio Parque Nacional, atuavam no combate ao incêndio.

O Exército também vai ajudar os militares do Corpo de Bombeiros no combate às queimadas que atingem o Parque Nacional de Brasília desde domingo.

Lula chama chefe dos Poderes para debater ações contra queimadas
No domingo (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobrevoou o Parque Nacional de Brasília, que já estava em chamas. Ele convocou para esta terça-feira uma reunião com os chefes dos Três Poderes para discutir medidas de combate às queimadas no Brasil. A declaração foi dada pelo ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República.

“O presidente conversou também com chefes dos Poderes e vai realizar amanhã uma reunião para que façam um diálogo e possam pensar de forma conjunta o compartilhamento de responsabilidades, porque existem ações que vão além da responsabilidade do governo federal. A ideia é pensar esse tema não como uma questão do governo, mas uma questão de Estado”, contou.

Marcado para 16h30, o encontro deve contar com a presença do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luis Roberto Barroso, além do presidente da Câmara, Athur Lira (PP-AL), do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e do presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.

O objetivo, segundo o chefe da Secom, é “dividir as responsabilidades” nas ações de resposta à emergência climática vivida pelo país, com base no Pacto pela Transformação Ecológica, assinado pelos presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, com a previsão de medidas de enfrentamento a desafios impostos pelas mudanças climáticas.

Outra ação será uma reunião com os governadores para tratar sobre o tema, organizada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. De acordo com o chefe da Secom, a expectativa é de que o encontro aconteça ainda nesta semana.

Governo tenta traçar plano de combate
Na segunda-feira, Lula reuniu-se, no Palácio do Planalto, com nove ministros, representantes do Ibama, do ICMBio e do Ministério da Saúde, além de parlamentares. O objetivo é traçar um plano de combate à crise climática que assola o país. De acordo com Pimenta, as medidas do governo federal serão anunciadas também na terça-feira.

Além de Marina Silva, estiveram presentes na reunião Geraldo Alckmin (vice-presidente e chefe do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Ricardo Lewandowski (Justiça), Fernando Haddad (Fazenda) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

Nomes mais envolvidos em negociações políticas e articulação de programas, como os ministros Rui Costa (Casa Civil), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) também participaram, além de líderes no Congresso Nacional.

Outros presentes na reunião foram o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa, e representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do ICMBio.

O Brasil vive uma situação de emergência climática, com 60% do território nacional coberto de fumaça por conta das queimadas. Na reunião desta segunda, Lula recebeu um diagnóstico da situação do país apresentado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e por especialistas.

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