Depois de ascender da Série D à Série A do Campeonato Brasileiro em quatro anos, Everson acumulou grandes experiências na elite do futebol nacional – as principais pelo Atlético, clube que defende desde 2020. Em participação recente no GaloCast, o goleiro relembrou episódio inusitado: uma provocação a um adversário em “portunhol”, em plena disputa de pênaltis contra o Boca Juniors, da Argentina, pela Copa Libertadores de 2021.
As equipes se enfrentaram nas oitavas de final daquela edição. Após dois empates por 0 a 0, tanto em La Bombonera como no Mineirão, a decisão da vaga ficou para os pênaltis.
A terceira cobrança do Boca foi diferente para Everson. O batedor era o volante Esteban Rolón, de quem o goleiro não dispunha de informações nos estudos prévios à partida decisiva.
“O terceiro batedor deles era um volante, e não tinha nenhuma imagem dele batendo pênalti. Um volante meio ruivinho. Aí eu olho para o Danilo (Minutti, preparador) e para o (Matheus) Mendes: ‘E aí? Ele bate em qual canto?’. Eles: ‘Não tem’. Falei: agora é o feeling. Tem que ter o feeling do goleiro ali no momento. Procurei ficar tranquilo, calmo”, iniciou.
O goleiro do Atlético se valeu da experiência para provocar o adversário. Com palavras misturadas entre o português e o espanhol, Everson procurou desestabilizar Rolón.
“Como era o primeiro pênalti que ele estava batendo, com certeza ele não tinha essa frieza, esse momento já mais de experiência, eu falei: ah, esse aí eu vou ter que provocar. Vou ter que cutucar ele, chamar atenção. Começo a falar com ele em portunhol: ‘Boludo, vai bater no meio! Yo voy pegar en medio!’. Só falava que ele ia bater no meio (risos)”, relembrou em tom bem humorado.
“Porque ele viu eu pegando no meio, e eu pensei: ele não vai bater no meio! Não é possível! Falei: vou tentar tirar o meio dele. Aí o árbitro fala comigo ainda: ‘Não pode hablar’. Eu: ‘Ah, yo não posso fazer nada?’. E o cara lá! Nesse tempo todo, foi uns 30, 40 segundos, o cara estava lá, louco para bater o pênalti e resolver o problema dele. E eu lá, empurrando mais ainda o tempo dele”, prosseguiu.
No fim das contas, o arqueiro fez bela defesa no lance. “Falei: está bom, já fiquei aqui uns 30, 40 segundos até ele querer bater. Ele está nervoso. Ele não bate mal, bate até bem, forte ainda. E eu consigo acertar o canto e pego”, encerrou.
A disputa seria vencida pelo Atlético, por 3 a 1, com duas defesas e um gol de Everson. Naquela edição, o Galo cairia nas semifinais, diante do Palmeiras – novamente após dois empates na eliminatória.
Três anos depois, Everson segue como titular incontestável da meta do Galo. A equipe mineira medirá forças com o Fluminense nas quartas de final da atual edição da Libertadores, e o primeiro embate entre os clubes ocorrerá nesta quarta-feira (18/9), a partir das 19h, no Maracanã, no Rio de Janeiro.