Oksana Masters sofreu abusos em orfanatos por ser vítima de Chernobyl
Oksana Masters, uma americana de 35 anos, vai disputar as Paralimpíadas em Paris pela sétima vez. Ao longo de sua carreira, entre Jogos de Inverno e Verão, ela conquistou 17 medalhas, sendo sete de ouro, em quatro esportes: biatlo, esqui cross-country, ciclismo e remo. Agora, na França, ela busca novos ouros no ciclismo. Um feito impressionante para alguém que, quando criança, vivendo em orfanatos na Ucrânia e lidando com os efeitos do acidente nuclear de Chernobyl, não imaginava que seria capaz de alcançar tal sucesso.
“O esporte salvou minha vida e minha mãe (adotiva) salvou minha vida. Essas foram duas coisas importantes para mim quando eu tinha 13 anos. Suprimi muitas coisas que vivi na Ucrânia, nos orfanatos. Eu não sabia como verbalizar e como dizer. Eu estava com medo de falar sobre isso porque isso tornava tudo mais real”, disse Masters ao Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC).
Oksana nasceu em Khmelnytskyi, uma cidade ucraniana, em 1989, três anos depois da catástrofe de Chernobyl. Ela nasceu com uma má-formação congênita, com cinco dedos nas mão, mas sem polegares, seis dedos em cada pé, com a perna esquerda cerca de 15 cm mais curta que a direita.
Ainda enquanto era bebê, ela foi entregue à adoção e passou por três orfanatos na Ucrânia. Em sua última estadia, ela passou fome e sofreu abusos físicos e sexuais. Ao longo de sua adolescência, ela amputou as duas pernas e passou por cirurgias reconstrutivas nas mãos.
Sua vida no esporte
Sua mãe a encorajou para começar na prática de esportes e Oksana se apaixonou pelo remo. No início, sua adaptação foi difícil, mas logo virou uma terapia.
“Eu nunca me senti mais em casa por finalmente ter aquele lugar onde pertencia. Esse foi meu primeiro passo para realmente me curar e aprender sobre mim mesma. Tive que voltar e consertar essas feridas e trabalhar nessas feridas mentalmente. O esporte era uma terapia. E eu aprendi a amar dessa forma primeiro em vez de vencer e definir metas e tentar ser a melhor do mundo e tentar representar os EUA. Eu não sabia que era possível fazer isso, especialmente para mim”, disse.
Foto destaque: Reprodução/Mike Coppola