O Brasil “bateu na trave” em pelo menos dez disputas diretas por medalha nos Jogos Olímpicos de Paris. Atletas do país que eram considerados favoritos ou estavam entre os melhores em suas modalidades acabaram fora do pódio na edição de 2024.
Ana Marcela Cunha – maratona aquática
Campeã olímpica em Tóquio 2020, Ana Marcela Cunha tinha a expectativa de repetir o feito nas águas do Rio Sena. Contudo, o percurso repleto de correntezas dificultou a prova da brasileira, que até se manteve no pelotão de frente, mas sem ameaçar a liderança da holandesa Sharon van Rouwendaal.
No fim das contas, Ana Marcela finalizou a prova de 10 km na quarta posição, com 2h04min15s. As três medalhistas completaram a maratona aquática bem à frente da brasileira: Sharon van Rouwendaal, da Holanda, em 2h03min34s (ouro); Moesha Johnson, da Austrália, em 2h03min39s (prata); e Ginevra Taddeucci, da Itália, em 2h03min42s (bronze).
Hugo Calderano – tênis de mesa
Número três do ranking mundial, Hugo Calderano chegou à semifinal do tênis de mesa e abriu 10 a 4 sobre o sueco Truls Moregard no 1º set. Bastava ao brasileiro cravar um pontinho para sair em vantagem, mas uma sequência incrível de oito pontos do adversário mudou a história do confronto.
Mais confiante com a inesperada reviravolta, Moregard se saiu melhor no restante da partida e fechou em 4 sets a 2 (12/10, 16/14, 7/11, 11/7, 10/12 e 11/8). Na decisão, o sueco não resistiu à força do melhor mesa-tenista da atualidade, o chinês Fan Zhendong, e perdeu por 4 sets a 1. Já Hugo Calderano ficou sem a medalha de bronze ao ser derrotado pelo francês Felix Lebrun por 4 sets a 0.
Ana Sátila – canoagem slalom
Mineira de Iturama, Ana Sátila participou de três competições na canoagem slalom – que consiste em passar por portais em águas com correntezas no menor tempo possível. O esporte requer movimentos coordenados e muita força para conduzir a embarcação sem cometer infrações.
Na categoria K1, Ana Sátila fechou a prova em quarto lugar, com 100.68 segundos. Jessica Fox, da Austrália, levou o ouro (96.08s), seguida de Klaudia Zwolińska, da Polônia (prata, com 97.53), e Kimberley Woods, do Reino Unido (bronze, com 98.94s). Já na prova C1, a brasileira obteve o quinto melhor tempo.
Pedro Barros – skate park
Prata em Tóquio 2020, Pedro Barros somou 91.65 pontos no skate park e fora do pódio por “apenas” dois décimos. A ressalva é que o medalhista de bronze foi justamente um brasileiro, Augusto Akio, com 91.85. Keegan Palmer, da Austrália, foi o campeão ao somar 93.11.
Dora Varella – skate park
Dora Varella também encerrou o skate park na quarta posição, porém com uma distância maior em relação às atletas que formaram o pódio. A brasileira contabilizou 89.14 pontos, mais de três abaixo da medalhista de bronze, a britânica Sky Brown, com 92.31.
Arisa Trew, da Austrália, e Kokona Hiraki, do Japão, ganharam respectivamente ouro e prata, com 93.18 e 92.63.
Rebeca Andrade – ginástica artística
Rebeca Andrade se tornou a maior atleta olímpica do Brasil ao pendurar quatro medalhas no pescoço: uma de ouro, no solo; duas de prata, no salto e no individual geral; e uma de bronze, por equipes.
A ginasta esteve perto de outra conquista, na trave, porém finalizou na quarta posição, abaixo de Alice D’Amato (Itália), Zhou Yaqin (China) e Manila Esposito (Itália).
A nota de Rebeca na trave de equilíbrio foi de 13.933. Ela ficou a apenas 0.067 de Manila Esposito, medalhista de bronze.
Rafaela Silva – judô
Ouro no Rio de Janeiro, em 2016, Rafaela Silva ficou fora dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, por ter testado positivo em um exame antidoping. No retorno ao evento, em Paris 2024, a judoca da categoria até 57 kg ganhou as duas primeiras lutas e chegou à semifinal, mas acabou eliminada pela sul-coreana Huh Mimi.
Na disputa pelo bronze, Rafaela perdeu para a japonesa Haruka Funakubo e ficou sem medalha na competição individual. Na competição por equipes, a campeã olímpica no Rio contribuiu para o terceiro lugar do Brasil.
Rafael Macedo – judô
Na categoria até 90 kg, Rafael Macedo venceu os dois primeros combates até parar em Tristani Mosakhlishvili, da Espanha, nas quartas de final. Na repescagem, o brasileiro bateu o sul-coreano Han Ju-Yeop, porém perdeu o bronze em consequência do acúmulo de três punições (shidos) contra o francês Maxime-Gael Ngayap Hambou.
Guilherme Costa – natação
Guilherme Costa, o “Cachorrão”, conquistou a melhor marca pessoal nos 400 metros livres da natação. Se fosse na Olimpíada de Tóquio, os 3min42s76 seriam suficientes para ganhar a medalha de ouro.
No entanto, a prova em Paris teve nível mais alto, com o alemão Lukas Maertens terminando em 1º (3min41s78), seguido de Elijah Winnington, da Austrália (3min42s21), e Kim Woo-min, da Coreia do Sul (3min42s50).
Entre Cachorrão e o pódio ainda teve o australiano Samuel Short, quarto colocado com 3min42s64.
Stephan Barcha – hipismo
Montado sobre o cavalo Primavera, Stephan Barcha esteve perto do pódio na prova de saltos em Paris, mas saiu do circuito a partir da volta sem penalidades do suíço Steve Guerdat, que ficou com a prata juntamente com o cavalo Dynamix De Belhem.
Barhca e Primavera concluíram a prova individual de saltos no hipismo na quinta posição. O alemão Christian Kukuk e o cavalo Checker 47 ganharam o ouro.
A notícia Brasil ‘bateu na trave’ em pelo menos dez disputas por medalhas na Olimpíada de Paris; veja lista foi publicada primeiro no No Ataque por Rafael Arruda.