Torcedores do país inteiro vibraram com o desempenho da dupla Duda e Ana Patrícia que, na tarde desta quinta-feira (8/8), venceram de virada as australianas Mariafe e Clancy na semifinal por 2 sets a 1, no Estádio Torre Eiffel, e garantiram presença na final do vôlei de praia na Olimpíada de Paris 2024. Ana Patrícia contou com uma torcida especial, da sua família e dos moradores de sua cidade natal, Espinosa (30.443 habitantes), situada no extremo Norte de Minas (divisa com a Bahia), a 704 quilômetros de Belo Horizonte.
Historicamente castigada pela seca (que mais uma vez motivou o decreto de emergência no município), Espinosa praticamente parou para acompanhar o jogo de Ana Patrícia e sua parceira no vôlei de praia na seminfinal da Olimpiada de 2024. Foi montado pela prefeitura um telão em uma praça da cidade para que os moradores pudessem assistir à transmissão.
A Prefeitura local vai instalar a mesma estrutura novamente nesta sexta-feira, quando Ana Patrícia, ao lado de Duda, vai buscar a sonhada medalha de ouro contra as canadenses Melissa Humana-Paredes e Brandie Wilkerson, a partir das 17h30m (horário de Brasília), em Paris.
Ana contou com a torcida do pai, o produtor rural Joao Batista Ramos, que assistiu à partida contra a dupla australiana sozinho pela televisão. “Não tenho como negar. Tive muita ansiedade. Em todo jogo, fiquei em oração, passando energia positiva para elas (Ana Patrícia e Duda. Sempre assisto os jogos em casa, sozinho mesmo e concentrado. Não consigo sair para lugar nenhum”.
Ele disse que, assim como Ana Patrícia e Duda, emocionou-se muito com a classificação para finalíssima do vôlei de praia no Estádio Torre Eiffel. “Estou exatamente como elas. A ficha ainda não caiu. Mas, confesso que é muito gratificante”, afirmou o pai da medalhista olímpica.
A mãe de Ana Patrícia, a professora Eugênia Dolores da Silva Ramos, acompanha a filha na Olimpíada em Paris. Por meio de um aplicativo, ela conversou com a reportagem do Estado de Minas pouco depois de Ana Patrícia e Duda terem superado as australianas, ainda na arena ao lado da Torre Eiffel.
“O meu sentimento, como mãe da Ana Patrícia, nesse momento é muita alegria, (de) muito agradecimento a Deus e, principalmente, de muito orgulho. Orgulho da filha que eu tenho, que é uma guerreira, e também da parceira dela, a Duda. Juntas, elas estão buscando o sonho da medalha de ouro”, declarou dona Eugênia, que é diretora de uma escola estadual em Espinosa.
Superação
O pai de Ana Patrícia disse que, na tarde desta sexta-feira, vai se concentrar novamente diante da televisão, torcendo para que a filha e a parceira Duda saiam vitoriosas novamente, contra a dupla canadense na final olímpica. “A gente vai torcer pelo ouro. Mas, qualquer resultado que vier, vamos considerar como medalha de ouro, pelo fato de Ana Patrícia sair do sertão do Norte de Minas, sofrido com a seca, e conseguir uma medalha olímpica. É muito difícil uma pessoa sair daqui, ter uma oportunidade e se destacar no esporte em nível mundial”.
“Desde pequena, a Ana Patrícia sempre foi muito dedicada e focada na busca dos seus objetivos. Ela é um estado que não tem praia e conseguiu ser campeã e medalhista olímpica no vôlei de praia”, observou Joao Batista.
“Ela lutou muito para chegar a este momento. Abriu mão de muitas coisas. Ela é muito família e teve que se ausentar por muita vezes. Ela é uma menina de muita fé, humilde, companheira e verdadeira. Ela só nos dá orgulho e alegria. Merece tudo de melhor deste mundo”, concluiu o pai de Ana Patrícia.
Em Espinosa, um dos moradores que torceram muito diante da televisão na tarde desta quinta-feira foi o representante comercial Paulo Ramos de Oliveira, primo de Ana Patrícia. “Assisti ao jogo com muita tensão e ansiedade. Já tinha sido assim na partida anterior, das quartas de final, quando elas (Ana Patrícia e Duda) saíram perdendo no primeiro set (contra a dupla da Letônia) por seis a 0”.
A comerciante e chefe de cozinha Lorenna Teles de Barros, também de Espinosa, conta que acompanhou a disputa de Ana Patricia e Duda com tensão. “Primeiramente, houve uma uma certa apreensão. Pos, a medalha era muito aguardada por nossos conterrâneos. Nós vivemos a expectativa ao longo dos últimos três anos”.
Lorena afirmou ainda que os moradores de Espinosa estão preparando uma “super festa” para esta sexta-feira. “A medalha (de prata) já está garantida. Agora, que tenha o ouro”.