22/11/2024
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‘O esporte me salvou’ < No Ataque

Duda e Ana Patrícia comemoram classificação à final do vôlei de praia (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

O esporte, muitas vezes, é visto como salvação e direcionamento para uma vida mais saudável e segura. Não foi diferente para a mineira Ana Patrícia, que superou o bullying ao descobrir o talento não só no vôlei de praia, mas também em outras modalidades. Ao garantir medalha para o Brasil e vaga na final dos Jogos Olímpicos de Paris, ao lado de Duda, ela relembrou a trajetória emocionante.

O caminho até a final parecia até tranquilo demais. Duda e Ana Patrícia venceram todos os jogos por 2 sets a 0 até a semi. Frente as australianas, nesta quinta-feira (8/8), foi com emoção. Depois de perder o primeiro set, elas se recuperaram e justificaram o posto de dupla número 1 do mundo e o favoritismo ao pódio em Paris – conseguiram o triunfo no tie-break.

Ao No Ataque, Ana Patrícia, natural da pequena cidade de Espinosa, no norte de Minas, relembrou a trajetória até o vôlei de praia. Antes de chegar nas areias, ela praticou futsal e handebol. No início, o que antes era motivo de piada, agora é um triunfo: a altura. Ela mede 1,94m.

“Às vezes, nem eu mesmo acredito na minha história. O esporte apareceu na minha vida e literalmente me salvou, porque eu sofria muito bullying. Eu me achava inferior, porque eu era alta e sofria por conta dos xingamentos que as pessoas faziam. Quando eu descobri o esporte, eu falei ‘sou boa nisso aqui’. Então, eu sirvo pra alguma coisa. Acho que matou um pouquinho essa coisa na minha cabeça que o bullying fazia, de me inferiorizar, de não entender como ia ser minha vida”

Ana Patrícia, do vôlei de praia

O vôlei apareceu na vida de Ana de forma despretensiosa. Aos 16 anos, ela recebeu proposta de fazer um teste. E foi quando tudo deslanchou.

“A partir do momento que eu conheci o esporte, ele passou a ser o amor da minha vida. Eu fiz futebol, fiz handball, fiz natação, joguei peteca. Fui jogar os jogos escolares, joguei durante quatro anos. No último ano eu estava jogando handebol e sempre que acabava o meu jogo, eu corria para assistir o vôlei, porque eu achava muito bonito, mas na minha escola não formava time. E aí no último dia, o delegado da competição perguntou porque eu ia lá todos os dias. Eu falei que gostava, mas na minha escola não forma time. Aí ele perguntou se eu queria fazer um teste”, contou.

Empecilho dos pais

Daí, surgiu o primeiro empecilho. Os pais da atleta não pareciam muito satisfeitos com a ideia dela ter que se mudar para praticar o esporte. Mas nada que Ana Patrícia não pudesse convencer. Ela ligou para a mãe e contou uma ‘ironia do destino’ para conseguir a aprovação da família.

“Liguei para a minha mãe, fiz aquele drama todo, mas ela falou que não ia poder. Uns cinco minutos depois, minha mãe ligou e falou ‘você pode agradecer, porque seu anjo é forte’. Ela estava com um problema no caixa escolar da escola em que ela é diretora e ia precisar ia na secretaria regional da escola dela, que era nessa cidade que eu estava.”

“Foi minha mãe e meu pai. Meu pai não queria deixar, mas minha mãe olhou pra mim e eu estava com cara de cachorro chorão. Aí ela deixou. Mas aquele ‘vai lá quebrar sua cara’. Ela mesmo fala isso hoje. A partir daí tudo aconteceu na minha vida. Eu sempre agradeço, porque eu estava no lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas, e tinha feito a minha parte, que é o mais importante de tudo. Já conheci a Duda no primeiro ano, e o resto da história vocês já sabem”, relembrou.

Com a Olimpíada parecendo um sonho distante, a vontade e a gana de conseguir vaga em uma final olímpica foi maturando aos poucos. O primeiro objetivo foi cumprido. A final em busca do ouro será nesta sexta-feira (9/8), às 17h30.

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