BRASÍLIA – Durante sua visita a Cuiabá, no Mato Grosso, nesta quarta-feira (31), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aproveitou para estreitar os laços políticos com o governador do Estado, Mauro Mendes (União Brasil), que é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Eu duvido, que em algum momento histórico deste Estado, teve um presidente que descerrou quatro placas em visita ao aeroporto”. Na ocasião, o presidente entregou obras de ampliação e modernização dos aeroportos de Cuiabá, Sinop, Rondonópolis e Alta Floresta.
Lula mencionou que prefeitos do PT reclamam que ele está destinando recursos para prefeitos de outros partidos. O presidente salientou: “Eu não estou dando dinheiro para você nem para ele. Estou dando para a necessidade do povo. É pela importância da obra que a gente define como as coisas vão acontecer”.
Além disso, o presidente discursou sobre a sua relação com o Congresso Nacional, ressaltando que não é necessário apenas ter amigos no ambiente legislativo. Ele afirmou: “Eu sou presidente que só tem 70 deputados entre 513, 9 senadores entre 81… Você não precisa ter só amigos no Congresso Nacional; às vezes, os amigos atrapalham. É importante que a gente tenha pessoas sérias, dispostas a pensar, que sejam capazes de separar o que é pessoal e político, o que é de interesse do Estado e de interesse pessoal”.
O governador do Mato Grosso também esteve presente no evento e fez elogios ao presidente: “Presidente, é muito importante que o Brasil perceba que a infraestrutura passa a ter importância no nosso país. Um governo tem vários papéis importantes, mas o papel da infraestrutura, que é indelegável, depende sempre da atuação normativa do papel central, que está nas mãos do Estado e da União.”
“Presidente, eu só tenho a agradecer ao senhor e à sua equipe de ministros, parabenizar por esse investimento importante e relevante, e agradecer em nome de todos os mato-grossenses, de todos que vão usar esse aeroporto”, finalizou.
A presença de Mendes ocorre após Lula ter reclamado, na última semana, da ausência de governadores em eventos do governo federal em que ele está presente. Lula atribuiu essas ausências à proximidade dos governadores com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ainda nesta quarta-feira (31), Lula irá a Várzea Grande, também no Mato Grosso, para entregar unidades habitacionais do Residencial Colinas Douradas I e II, pelo programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).
Lula retomou sua agenda em redutos bolsonaristas após ter cancelado viagens por temer hostilidades. Nas eleições de 2022, 61,50% dos eleitores de Cuiabá votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo turno, enquanto em Várzea Grande esse apoio foi de 58,75%.
A visita de Lula a Mato Grosso acontece após o presidente ter planejado lançar o Plano Safra em Rondonópolis, município do estado, em 26 de junho. No entanto, o evento foi adiado para 3 de julho e realizado no Palácio do Planalto.
Mato Grosso é um reduto do agronegócio, setor onde o governo enfrenta dificuldades de articulação e alta rejeição, devido à postura conservadora e ao alinhamento com as políticas de Jair Bolsonaro. Apesar disso, o Planalto tem buscado ampliar o diálogo com os ruralistas.
No evento, Lula também fez um aceno ao setor do agronegócio e elogiou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro: “Eu já tive gente muito importante no Ministério da Agricultura, gente intelectual, de carreira, da política, mas com 1 ano e 6 meses de governo, digo que Fávaro será o melhor ministro da Agricultura que esse país já teve.”
O petista ainda citou dados do setor: “Em apenas 18 meses, já abrimos 167 novos mercados para os produtos brasileiros.”
Lula volta a citar taxa de juros
Durante seu discurso, o presidente Lula voltou a pedir a redução da taxa Selic. “Hoje, temos o menor nível de desemprego, a inflação está controlada, só falta a gente reduzir a taxa de juros, que não depende só do governo”, afirmou.
Essa declaração foi feita pouco antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira (31), de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano.
O Comitê decidiu, por unanimidade, manter a taxa de juros inalterada, marcando a segunda reunião consecutiva em que a taxa básica de juros se mantém estável.