Faltam sete dias para o fim do período de convenções partidárias, em 5 de agosto, e o cenário em Belo Horizonte segue com nove pré-candidatos e apenas três chapas completas, com prefeito e vice-prefeito já aprovados pelas legendas.
O prefeito Fuad Noman (PSD), pré-candidato à reeleição, o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (MDB), e o senador licenciado Carlos Viana (Podemos) são os únicos que já definiram seus pré-candidatos a vice-prefeito na chapa. Os outros seis pré-candidatos a prefeito devem deixar as definições para última hora.
Apesar do grande número de pré-candidatos, as negociações para alianças têm encontrado dificuldades para avançar em todos os grupos, admitem os próprios dirigentes. O cientista político, Lucas Gelape, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, confirma que o cenário aberto para a disputa em Belo Horizonte contribui para o impasse.
“Esse relativo empate que existe entre os candidatos na espontânea realmente coloca um jogo incerto para todos. Quanto mais incerteza na disputa, menos qualquer candidato vai ter incentivo para mudar a sua posição”, diz.
Tentativas de diálogo
A negociação mais intensa até o fim das convenções deve girar em torno de três pré-candidatos que se classificam como de “centro”: o atual prefeito Fuad Noman (PSD), que busca a reeleição; o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB); e o ex-deputado estadual João Leite (PSDB). Em comum, os três entram na disputa sem o apoio do presidente Lula (PT), do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou do governador Romeu Zema (Novo).
Os tucanos estariam preocupados em construir alianças para fortalecer uma candidatura do PSDB ao governo de Minas Gerais em 2026 e poderiam ceder espaço a candidaturas independentes de centro. A moeda de troca é o apoio de João Leite, que aparece na última pesquisa DATATEMPO (TRE MG-02187/2024) com 6,9% das intenções de voto.
Um obstáculo para a negociação é o fato de que MDB e PSD já terem firmado alianças para o vice: Fuad escolheu o vereador Álvaro Damião (União) e Gabriel Azevedo irá para a disputa com o ex-vice-governador no primeiro governo Zema, Paulo Brant (PSB). Caberia então a dúvida sobre como encaixar o PSDB nestas chapas.
Uma aliança oficial do PSDB com Fuad é considerada difícil. A possibilidade de Fuad se aliar aos petistas em um eventual segundo turno gera preocupações no PSDB. No entanto, uma aliança com Gabriel Azevedo tem ganhado força nos bastidores. “Gabriel nasceu dentro do PSDB, é um amigo da legenda, alguém que tem bom diálogo com o partido. Seria a aliança natural”, diz um interlocutor das duas legendas.
Divisão na esquerda
Entre os pré-candidatos de esquerda estão os deputados federais Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT). Em público, a mensagem levada pelos dois é que ainda estariam buscando uma união. Mas nos bastidores é dado como certo que nenhum deles abrirá mão de ser candidato a prefeito.
O clima entre as legendas teria ficado tão ruim que até uma aliança no segundo turno estaria em risco. “Atualmente, uma aliança entre eles teria que partir da direção nacional dos partidos”, avalia uma fonte que diz que o espaço para conversa teria acabado.
Diante das negociações empacadas, cada um dos pré-candidatos segue tentando definir um vice-prefeito para fechar a chapa. Nesse processo o PT saiu na frente e conseguiu atrair a federação PSOL-Rede, que deve indicar o vice-prefeito da chapa. A deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) abriu mão de uma candidatura própria e seria o nome natural. Porém, haveria uma preferência dos petistas pela também deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede).
Articulações
Carlos Viana (Podemos) tentou atrair o PSDB de João Leite e também buscou consolidar o apoio do governador Romeu Zema numa aliança com Luísa Barreto (Novo), mas acabou desistindo das negociações. Nesta segunda-feira (29/07), ele anunciou que terá o empresário Fred Aisc, filiado ao Democracia Cristã (DC), como candidato a vice-prefeito em sua chapa.
Outro que chegou próximo de fechar uma aliança com Luísa Barreto e com o governador Romeu Zema foi Mauro Tramonte (Republicanos). De acordo com apurações de O TEMPO, as conversas eram difíceis, mas azedaram de vez depois da união com Alexandre Kalil, adversário político do governador Zema.
Assim como o PSDB de João Leite, o partido Novo de Luísa Barreto estaria mirando alianças para eleger o sucessor do governador Romeu Zema, em 2026. Neste sentido, o partido estaria mais disposto a lançar uma candidatura própria do que fazer parte de chapas vinculadas a possíveis adversários. A posição final do partido deve ser anunciada no próximo sábado (3/07), quando será realizada a convenção do partido.
O deputado estadual Bruno Engler (PL), pré-candidato oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro e deve deixar o anúncio de vice-prefeito na chapa para última hora. A estratégia seria manter a porta aberta na tentativa de atrair outros pré-candidatos alinhados com o ex-presidente.
A legenda formalizou uma aliança com o PP, comandado em Minas Gerais pelo deputado federal Pinheirinho (PP), e o partido tem a prioridade para indicar um vice. Mas nenhum nome foi formalizado até o momento.
Veja a situação de cada pré-candidato
CHAPAS DEFINIDAS
Fuad Noman (PSD)
O atual prefeito de Belo Horizonte foi o primeiro pré-candidato a ter o nome definido durante a convenção do partido realizada no dia 20 de julho. Neste fim de semana, o União Brasil oficializou também a indicação do vereador Álvaro Damião (União) como candidato a vice-prefeito na chapa.
Gabriel Azevedo (MDB)
O vereador e presidente da Câmara Municipal oficializou sua pré-candidatura no último fim de semana. O ex-vice-governador Paulo Brant (PSB) é o nome indicado pelo PSB para ser vice-prefeito.
Carlos Viana (Podemos)
O senador se licenciou do Senado neste mês para concorrer à Prefeitura de Belo Horizonte. A convenção da legenda está marcada para o próximo domingo (4/07). Como vice-prefeito, o pré-candidato aposta no empresário Fred Aisc (DC).
CHAPAS INDEFINIDAS
Bruno Engler (PL)
O nome do deputado estadual será oficializado na convenção prevista para acontecer nesta sexta-feira (2/07). O candidato a vice-prefeito deve ser indicado pelo PP, legenda presidida em Minas Gerais pelo deputado federal Pinheirinho.
Duda Salabert (PDT)
A deputada federal deve ser oficializada como candidata do PDT no próximo domingo (4/07). O cargo de vice, no entanto, segue em aberto. A legenda negocia o apoio com outros partidos. A expectativa é que o anúncio oficial seja feito no prazo final das convenções, no dia 5 de agosto.
João Leite (PSDB)
O ex-deputado estadual e ex-goleiro do Atlético é apontado pelo PSDB como pré-candidato. Entretanto, o partido ainda não oficializou o nome e mantém conversas com outras legendas. Uma das articulações pode ser com o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (MDB).
Luísa Barreto (Novo)
A ex-secretária do governador Zema (Novo) é o nome defendido pelo Novo para a disputa na capital mineira. O nome da pré-candidata, porém, chegou a ser cogitado em negociações para ser vice em chapas de partidos que fazem parte da base de apoio do governo na Assembleia. As articulações com o senador Carlos Viana e Mauro Tramonte, no entanto, não avançaram.
Mauro Tramonte (Republicanos)
Mauro Tramonte foi o último pré-candidato a entrar na disputa e lidera as pesquisas eleitorais, mas, agora, corre para consolidar um leque de alianças. A expectativa é que o vice seja indicado pelo recém apoiador, Alexandre Kalil .
Rogério Correia (PT)
O deputado federal deve ser oficializado como candidato pelo PT durante a convenção do partido no próximo domingo (4/07). Contudo, o cargo de vice segue indefinido. A deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) desistiu da pré-candidatura para apoiar a chapa e vinha sendo cotada para ser a vice.